terça-feira, 6 de maio de 2008

Eu, eu mesma e os escritores que me fazem...

As vezes, eu me espelho em Drummond. Noutras, sofro com Lispector. Prefiro sempre e sempre me divertir com Veríssimo (o filho). Mas é com Fagundes Telles que me surpreendo a cada dia!! Hoje estou meio saudosa de Drummond. E só Drummond seria capaz hoje de relatar o que é amor para mim...por que ele - assim como eu - sabe dizer que o amor é mais que um estado de espírito, é algo quase inexplicável...tão próximo à vida e tão ligado a morte...
As Sem-razões do Amor
(Carlos Drummond de Andrade)

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

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