domingo, 21 de setembro de 2008

Casa Pré-Fabricada do Marcelo Camelo interpretada na minha vida atual...

Eu realmente, só entendi essa música quando numa noite de sábado, onde o coração doía numa dor diferente, de morte e sem fim, que percebi que no final do amor, da dor e da tristeza sempre existe uma luz.

As vezes, entregamos nossa vida e felicidade nas mãos das pessoas. E erramos por isso. Outras vezes, acabamos com a felicidade do outro, por não corresponder seu desejo de amor e proximidade. Durante muitos anos de minha vida eu errei das duas formas. Eu sofri e fiz sofrer. Eu entreguei nas mãos alheias a vida e recebi em troca a traição [não física ou sexual] mas apenas a traição da certeza que nas mãos do outro seu segredo estava guardado. Com o passar dos anos, deixei de acreditar no ser humano. Na verdade, estou reaprendendo como uma criança recém nascida a olhar a vida e os dias um de cada vez, e a dar um novo passo sem medo da queda e do tombo.

Eu tenho segredos que atormentam a alma. Segredos que guardo desde a infância, e que me fazem ser esse ser estranho e diferente dos demais. Para mim sexo, corpo lindo, beleza exterior nunca foi o fundamental. Talvez tudo isso esteja ligada a esse segredo. Eu também, por causa desse segredo, não consigo me libertar de uma coisa chamada baixa-estima. Diferente de outras mulheres, não me sinto desejada, mesmo quando isso acontece diante de meus olhos. Não sinto que atraio olhares. Prefiro que me vejam como um ser cheio de capacidades intelectuais a um símbolo de beleza e desejo sexual. As vezes essas convicções atrapalham e acabam com meus relacionamentos. Realmente, eu pareço ser bem resolvida, mas no auge de meus 29 anos, reago como uma adolescente e isso é péssimo pra mim.

E o que a música do Marcelo Camelo tem a ver com tudo isso?? Bem, foi quando o fim do poço chegou, a depressão dominando-me, que resolvi matar mais uma parte de mim num chat desses da vida. Porém, foi lá que conheci e entendi que a tristeza e a reforma dessa casa chamada vida só pode ser feita por nós mesmas. E foi ouvindo Casa Pré-fabricada, na voz de Maria Rita, que começei a teclar com alguém. Cheio de marra e de gírias, pensei comigo mesma, é mais um carinha da net, mas já que estou aqui, vamos ver no que isso dá. E foi observando diariamente o baixista-sarado que a cura foi chegando.

A pelo menos quatro meses minha casa chamada vida está sendo reformada. É claro que o tal baixista não foi o principal responsável, mas me ajudou a compreender a mim mesma. Com ele aprendi a exercer a paciência, a gostar da simplicidade, a reativar a religiosidade, a aceitar o diferente e principalmente a me amar de forma calma, tranquila e diária. Eu não gosto de dizer a ele que ele fez isso por mim, por que parece que dependo dele pra tal mudanças, mas indiretamente foi isso que aconteceu.

Hoje, estou mais madura e mais paciente, como nunca fui. Mas estou sofrendo. O mesmo braço que serve de abrigo é o que eu queria ter sempre perto. E nem sempre estamos sintonizados. Eu estou desintonizada dele. E a minha paz está meio abalada. Novamente, percebo que entreguei minha felicidade [mesmo que numa concentração muito menor que das outras vezes] nas mão dele. Eu queria manter ele perto. Mas estamos em momentos distintos. Eu já vivi o que ele está passando e ele não acredita que sou capaz de tolerar a distância e as dificuldades do que temos pela frente. Agora não depende de mim. Eu sou capaz de enfrentar, mas será que ele quer que eu enfrente isso??

Essa é a questão...Esse é o dilema...E como na música:

"[...] Canta que é no canto que eu vou chegar
Canta o teu encanto que é pra me encantar
Canta para mim, qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais[...]"
...eu sou capaz de querer a paz e manter a tristeza longe, mas se ela for necessária, terei a sabedoria de usá-la para que eu possa mais uma vez crescer...

Texto fechado ao som de Maria Rita (Casa pré-fabricada, Mal intento, Sobre todas as coisas, Cara valente, Veja bem meu bem) e do novo albúm "Sou" do Marcelo Camelo.

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